terça-feira, 1 de abril de 2014

"contramão na pelinca"


mentiram pra mim
a chance que deram
era longa

e me acho azarado
não sei ver tempo passar
da paz que provei
só com o ar do pulmão
só, no fundo do mar

ih! fodeu!
acima cedendo abaixo
crânio arrebentando no chão
caminhar na encruzilhada
com a certeza das três puxadas na vara
de quando o peixe bate na linha
e não se aporrinha mais o pai
por ter confundido com onda

enquanto coço buraco da cabeça
robert johnson e trago no cigarro
lembro
fico viajando
sem dar muita bola
não nasci na planície
mas habito tempo demais
para lembrar
não sei subir morros
não tenho o sublime da pessoa
escrevo estes versos
só pra exorcizar


campos, 07/11/96

Nenhum comentário:

Postar um comentário